Ações
Saiba Mais
Sueli Carneiro disse: “Organização já, porque sem organização, eles nos matam.” Disse como quem conhece o peso das palavras e o preço da desobediência. A Casa que leva seu nome não foi feita para reverência estática. Foi feita para continuidade. Aqui, as ideias de Sueli se transformam em gesto: uma mulher preta entrando pela primeira vez numa roda de leitura; uma jovem pesquisadora abrindo a gaveta do acervo e se encontrando num documento antigo; um menino escrevendo que, sim, existe futuro para ele também.
Na Casa Sueli Carneiro, as palavras não ficam no papel. Elas viram aula, afeto, resistência. Cada programa: Ler o Brasil, Fazedoras de Memória Negra, Residência, é uma resposta concreta ao epistemicídio que tentaram nos impor. Formar, informar, criar, lembrar. Fazer com que a nossa história não seja mais contada por quem nos apagou. O acervo é cuidado como se cuida de uma avó: com respeito, escuta e tempo. As rodas são feitas em círculo, como no candomblé, como nas assembleias de rua, como na cozinha das casas onde a política sempre começou.
E ainda assim, não é só sobre memória. É sobre política. A Casa está com a Coalizão Negra por Direitos, constrói incidência, escreve notas, ocupa espaços, convoca gente. Porque lembrar é também gritar. É também dizer “basta”. É também escrever no corpo do país outra possibilidade de existir.
Na prática, o que fazemos é isso: abrimos portas. Damos nome aos nossos. Fazemos do pensamento uma herança coletiva. E seguimos repetindo, com Sueli, com todas: organização já.